sábado, 21 de março de 2009

Um convite forçado ao universo feminino

Escritoras, perdoem-me, mas este texto é uma crítica a vocês. Construtiva, porém, eu juro. Deixa eu tentar me explicar da melhor maneira antes que eu perca leitoras e amigas. Acho que há no universo da literatura feminina um certo preconceito e restrição contra nós, homens. Talvez vocês façam sem perceber, ou talvez pensem que nós, trocadores de lâmpadas, não mereçamos suas palavras (se escolheram a segunda opcão, por favor, ignorem este texto). Estou me referindo ao fato de a grande maioria dos textos escritos por mulheres serem, quase que exclusivamente, destinados às mulheres. Muitas vezes nós somos os temas: o cara que te largou e por quem você está sofrendo; um amor passado; a saudade. A minha impressão (a minha, que fique claro) é que por trás destes textos há uma mensagem do tipo: mulheres do mundo, uni-vos. Ou menos pretensiosamente: um conselho ou sentimento no qual outra mulher se identificará. Às vezes é meio chato para nós, zé cuecas, ler sobre estes temas. O que talvez vocês não tenham percebido é que é possível escrever sobre sentimentos narrando situações cotidianas, que são mais abrangentes e nos permitem também compartilhá-las. E com um toque feminino, que deixa tudo mais bonito. Tem um texto da Danuza Leão, chamado "Um casal feliz", sobre um casal comprando uma echarpe numa loja em Paris, que é tão delicado e doce que só poderia ser escrito sob um olhar e uma percepção feminina. Esta crônica da Danuza está nos ''As cem melhores crônicas brasileiras". Destas cem, creio que menos de dez são de autoria feminina. Assim como no O Globo, onde dos sete cronistas do segundo caderno, só um é mulher: a Cora, que, diga-se de passagem, é uma chata, mas tem a virtude de não restringir o público-alvo, ao contrário da Martha Medeiros, que conheço pouco, confesso, mas deve ter entre os seus leitores 90% de mulheres. Bem, depois de morder tanto, deixa eu assoprar um pouco. Como fã da maneira e da sutileza como vocês, mulheres, escrevem, gostaríamos (a terceira pessoa refere-se à classe masculina, já que este texto é um certo duelo de gêneros) de participar mais das suas ideias. Nos sentirmos um pouco mais, digamos, lembrados. Claro, isso se não for pedir muito.

5 comentários:

Bebel Clark disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bebel Clark disse...

Caríssimo Júlio,

Não achei grande coisa o texto da Danuza e tampouco gosto de livros como "os 100 mais isso" ou os "10 conselhos para aquilo"... acho uma forma batida de impor a opinião de quem escreve, querendo parecer suuuper democrático e interessante. Um filão que se descobriu bem rentável de uns tempos pra cá.

Gostei dos seus textos. Tô orgulhosa de saber que foi o meu blog que te estimulou a fazer o seu! Continue escrevendo!!!

Ah, seu blog tá nos meus favoritos.

beijos,
Bebel

Carambolices disse...

Hulio's
fiquei surpresa com seu texto. Vai ver você tem razão, eu só não sei se essa troca é possível. Engrçado, dos meninos que eu leio, você é o que tem uma percepção mais afinada da óptica feminina.

"Que me perdoem se eu insisto neste tema
Mas não sei fazer poema ou canção
Que fale de outra coisa que não seja o amor
Se o quadradismo dos meus versos
Vai de encontro aos intelectos que não usam o coração como expressão"

Dito por uma mulher, escrito por um homem.

Anônimo disse...

Pelo menos as minhas palavras vocês merecem! Acho que você anda lendo mocinhas pseudo-feministas, isso sim. Hehe... Bjos

Renan disse...

Boa perspectiva. O melhor é o aparecimento de mulheres sem estilingues ou espadas, para comentarem o teu texto. Acho que o fato é que a maioria das pessoas procura externar o que sente através das palavras e nas mulheres isso aflora ainda mais. E cá entre nós, problemas [ou prazeres] de relacionamentos são os assuntos mais comuns do ser humano.

E o pato sobra para nós, abridores de lata em conserva, é claro.

Bacana teu blog. ;)

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