terça-feira, 24 de agosto de 2010

Lendo, dançando e twittando em Teerã





Ultimamente, o Irã tem batido ponto quase diário nos cadernos internacionais. Fraude nas eleições, bomba atômica, ameaça de morte a pedradas... A lista de atrocidades e insanidades é extensa.

Talvez por isso, quando passei a atentar mais para as questões além do Oiapoque ao Chuí, me interessei pela História do país, antiga Pérsia.

Atualmente, estou lendo o livro “Lendo Lolita em Teerã”, de Azar Nafisi, de quem assisti palestra na última FLIP. Azar era professora de Literatura Inglesa na Universidade de Teerã, no início da Revolução Islâmica em 1979. Inconformada com as restrições impostas pelos aiatolás aos livros estrangeiros, e a outros aspectos mais pessoais e íntimos, como o tamanho da unha das mulheres, ela convida sete de suas alunas para discutir Literatura em sua casa.

Um dos livros debatidos é "Lolita", do escritor russo Vladimir Nabokov, em que o protagonista, um professor de poesia francesa, se apaixona por sua enteada de doze anos, e a partir dali, começa de certa forma, a moldar arbitrariamente, a vida da menina.

A autora faz uma analogia entre o modo com que o professor tutela, a seu modo, a vida de Lolita, com a forma com que o regime iraniano impõe sua ideologia, nos mínimos detalhes, à população iraniana.

Passados 31 anos da Revolução Islâmica, o povo iraniano ainda é a Lolita do professor francês.

Tem dois aspectos que me fazem crer, no entanto, que os iranianos demoverão o regime por suas próprias forças. O primeiro é a própria Educação de seu povo. Ao contrário de outros regimes opressores como Coréia do Norte, Sudão e Somália, por exemplo, o Irã tem uma classe média atuante e esclarecida. Não à toa, o Cinema e a Literatura iranianos são internacionalmente reconhecidos.

O outro motivo para meu otimismo é o fenômeno que mais me encanta atualmente: a Globalização. Ano passado, a violência do Governo durante os protestos contra a fraude nas eleições iranianas foi denunciada pelo Twitter, já que foi impedida a atuação da imprensa tradicional. A mesma internet, que externa informações sobre o país, também leva. E isso é fundamental para a contestação do regime, já que os jovens que nasceram depois de 79 não viveram a época em que era permitido às mulheres tomar sorvete na rua. Hoje é considerado um insulto, pela obscenidade do ato.

Não quero entrar na discussão antropológica de que há de se respeitar a cultura de cada povo. Matar mulher a pedradas por adultério é barbaridade (na origem da palavra, barbárie) aqui, no Irã, na Somália e nas sociedades que ainda estão por vir. Viu, Lula?

Mas retomando o meu ponto central, a Educação e a Globalização, que hoje em dia são difíceis de desassociar, são minha esperança de abrir o jornal e ver mulheres, não só lendo Lolita, mas também dançando, ao som de Lady Gaga, em Teerã.




PS: Para quem se interessa pelo Irã, tenho duas dicas legais:

O filme Persépolis, que mostra as transformações na vida de uma menina por causa da Revolução Islâmica. Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=1yXyXvHbREk

O "Não conta lá em casa" no Irã também é bem bacana: http://www.youtube.com/watch?v=KRWR8LJUq50

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Antes mal acompanhadas...

O direito de igualdade entre homens e mulheres vai ser uma eterna luta feminina. E, diga-se de passagem, nos últimos 70 anos, foram conquistados avanços importantes. Saíram do impedimento de votar para ter o salário equiparado ao dos homens (embora a idade para se aposentar ainda seja menor, mas isso é outra história...). Mas evidentemente e graças a Deus, as diferenças ainda existem, e tomara, sempre existirão.
Esse preâmbulo de gêneros serviu para trazer um debate sobre um aspecto específico desta diferença social. Se esse blog fosse mais comercial, prático e menos prolixo, esse texto seria substituído simplesmente por uma enquete: ainda há uma diferença de percepção pela sociedade em relação a um homem solteiro e uma mulher solteira?
Existe, apesar de todas as conquistas femininas, esta história de que o homem solteiro é galinha e a mulher solteira é encalhada? (mais à linha Márcia Goldschimdt...)
Partindo da premissa de que sim, seria compreensível e até, por este ponto, estimulante, que as mulheres namorem para não serem mal vistas pela “sociedade”. Daí surge outra questão importante: será que há mulheres namorando só para não ficar com o rótulo de encalhadas?
Talvez por isso, há mulheres que emendem namoros. Eu sempre desconfiei de meninas que mal terminam um namoro e começam outro. Ou, de fato, é muita sorte (como diz a Rita Lee “sexo é escolha, amor é sorte”) ou preferem ficar antes mal, ou na melhor das hipóteses, mais ou menos, acompanhadas do que só.
Já especulei certa vez se as meninas que namoram em sequência têm o pai ausente e o namorado viria, nestes casos, cumprir esta função paterna, numa linha freudiana.
Tem também o argumento de que as mulheres se saturam de ficar indo para a night muito tempo e ser a “caça” dos caras da balada. Mas, acreditem, para o homem também chega uma hora que enche o saco ser o caçador. Mas nem por isso nos contentamos com a primeira presa.
Bem, eu não sei quantos aos outros, mas eu até admiro meninas que ficam sozinhas um tempo, até para se conhecer melhor. Como dizem por aí, pra estar com alguém, é preciso primeiro saber estar só. Mas, como na verdade, o que eu queria mesmo era saber a percepção das pessoas sobre esta questão, é melhor eu achar o aplicativo da enquete...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O livro

Pessoal, o "Inverno de Julho", o livro, está disponível no site da Editora Multifoco, no link: http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-loja-detalhe.php?idLivro=&idProduto=244. Ouvi dizer que está bem legal.

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