quarta-feira, 23 de março de 2011

Todo mundo tem uma história de amor atrapalhada

Bem, a frase acima ia começar a prosa, mas eu achei que ela é tão impactante que é melhor ali, destacada com letras maiores e outra cor, quase como título de uma peça de teatro.
Há algum tempo fiquei com essa frase na cabeça, mas o texto não vinha junto. Talvez eu tenha gostado tanto dela por classificar o substantivo mais "sublime" de todos (só comparável a vida, mãe e Deus) com um adjetivo tão banal e que faz da própria palavra engraçada como “atrapalhada”.
Ela é boa também porque simplifica uma história de amor (que não deu certo, claro). Não é necessário achar muitas justificativas sérias, daquelas com adjetivos profundos, tipo “interrompida”. Talvez o trapalhão dessa história seja o tempo, ou quem sabe, um carinho tatuado, ou até a “incompatibilidade de agendas”, como facilitam os famosos.
Pensei também na dupla interpretação que pode passar. Uma história de amor atrapalhada pode ser aquela que a gente vai levando aos trancos e barrancos, até com um toque de graça. Já se ela foi atrapalhada por um fator externo precisaríamos do complemento ''por, "pelo" ou pela" e de um terceiro ator, geralmente o vilão.
E ainda para vender a frase (e se virar nome de peça de teatro eu quero royalties) ela democratiza e humaniza “uma história de amor atrapalhada”, porque usa o “todo mundo”, que de fato tem, teve ou terá uma (algumas).
Como eu avisei lá em cima, eu ainda não tenho uma definição para anexar à frase, mas como no Facebook e no Twitter é só ela que aparece...

terça-feira, 1 de março de 2011

Porteiro-mulher (porteira)?

Texto publicado no Sobrecasaca em 22/09/07


O povo brasileiro se faz várias perguntas. “Quem matou Odete Hoitman?”; “O que acontecerá com o Jornal Nacional se o Willian Bonner e a Fátima Bernardes se separarem?”; “Quem será o camisa 9 da Seleção na próxima Copa?”, e por aí vai. Mas a questão que mais me intriga é a seguinte: Por que não existe porteiro mulher? E se existisse, chamaria-se porteira?
Acho que quando eu vir um porteiro-mulher (porteira?), de uniforme e tudo, vai se equiparar à reação de ver um negro presidente dos Estados Unidos. Imagina a situação: “Pode deixar o cd aqui na portaria, com a minha porteira?”. Não saberíamos nem qual alcunha a daríamos.
Um argumento, quando conversei com algumas pessoas sobre essa questão tão importante para a Antropologia, para a Sociologia, e para todos os campos de atuação que pensem a sociedade, foi a de que os porteiros são uma espécie de seguranças também. Mas essa não colou muito. Primeiro, porque existem até mulheres policiais. Segundo, porque, cá entre nós, o porteiro, na melhor das hipóteses, em caso de assalto, vai acionar a polícia, coisa que a mulher também pode fazer perfeitamente.
Há o argumento de que é um fator cultural. Esse eu concordo. Mas a cultura vai se transformando. Hoje temos casamento entre pessoas do mesmo sexo, mulheres presidentes, mas porteiro-mulher (porteira?), nada. Claro, há o contraponto, as empregadas domésticas são mulheres, mas aí eu acho que a justificativa é mais plausível, afinal, (desculpem-me as feministas) as mulheres, são desde sempre, mais cuidadosas com os afazeres domésticos. Mas, claro, nada é definitivo. Os homens já são, por exemplo, ótimos chefs de cozinha.
Enfim, eu tenho vontade de fazer uma matéria sobre isso, ou quem sabe, um filme, um livro, sei lá. Mas eu ainda tenho de desvendar esse mistério tão importante para...mim.

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