quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Alguém tem que ceder

Assisti outro dia a “500 dias com ela”. Meio piegas, vá lá, mas bacana. A história de uma mulher para quem "falta alguma coisa" para ter um relacionamento mais sério com um cara. É quase a resposta feminina do "Ele não está tão afim de você". Os dois filmes tratam relativamente do mesmo tema: uma certa incompreensão em levar o milenar pé na bunda, que segundo interpretação recente do Joaquim F. dos Santos, “primeiro machuca, depois educa”.
Talvez tenha a ver, sem qualquer juízo de valor, com o fato de os homens e mulheres estarem cada vez mais exigentes, abusando de seu farto poder de escolha. Talvez a explicação esteja na História. Até pouco tempo a separação era mal vista, e há mais tempo, os casamentos eram arrumados. Agora é a hora da alforria.
Chega a ser engraçado. Por um lado, os homens se queixam de que para as mulheres é muito fácil. A gente tem que ficar bolando uma estratégia e um assunto interessante para abordá-las e elas só têm o trabalho de topar ou não. Já as mulheres reclamam que elas “têm” que ser passivas. Se acham um cara atraente “não podem” tomar a iniciativa, por questões culturais.
O Cuenca escreveu há duas semanas que “as mulheres de hoje estão com profunda dificuldade em gostar de quem gosta delas”. O próprio cronista já tinha terminado um texto dizendo que as mulheres querem homens que “as amem muito, mas que não demonstrem tanto”.
Se as mulheres têm tantas exigências, Vinicius não deixou por menos:
“Senão é como amar uma mulher só linda. E daí? A mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza, qualquer coisa triste, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade, um molejo de amor machucado, uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher, feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor e pra ser só perdão”.
Pois é. Exigências são necessárias, mas... alguém tem que ceder.

*Se esse fosse um blog sério, teria uma seção "textos relacionados" e apareceria este aqui da época que eu escrevia no Sobrecasaca: http://sobrecasaca.blogspot.com/2008/10/tal-da-revoluo-feminina_12.html

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