segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O palhaço não sou eu




Não é Dilma ou Lula o nome dessas eleições. O palhaço Tiririca é o símbolo não só deste pleito, mas reflexo do Brasil atual. O que também é impossível de desassociar dos dois.
Quando pensamos que o país finalmente “decola”, como estampou a The Economist na capa em edição recente, nos deparamos com um palhaço semi-analfabeto ou analfabeto (o TSE dirá) como deputado federal mais votado do país, logo em seu estado mais sério.
Eu não consigo achar graça. Pelo contrário, o meu sentimento tem muito mais a ver com tristeza e vergonha do que com alegria.
Apesar dos avanços econômicos e sociais dos últimos 16 anos, no aspecto político permanecemos estagnados ou talvez tenhamos até regredido.
Se a consciência política está diretamente ligada à Educação, o Tiririca e seus um milhão de eleitores são o sintoma de que ainda devemos muito neste ponto. Claro que não serão em oito ou dezesseis anos que mudaremos a situação da Educação no Brasil, defasada por raízes históricas, mas os esforços foram bem tímidos principalmente durante o Governo Lula, quando tínhamos muito mais condições para incrementá-la.
O voto no Tiririca, no entanto, não é só o dos mau informados. Há o voto por protesto. Mas a esse eu prefiro nem me deter. O slogan “Você sabe o que um deputado faz? Nem eu.” é a afirmação direta ao eleitor de sua ignorância. Se você não sabe o que um deputado faz, a culpa é sua. Mas não. Aqui encontramos mais um aspecto bem brasileiro: todos somos vítimas, não é vira-latas?
Eu até tentei buscar uma relação do Tiririca com o Macunaíma, o herói malandro, mas nem isso eu consigo ver no palhaço. O voto nele não é uma busca de um caminho - ainda que controverso -, é o voto da resignação, da desistência. Mas eu ainda sou muito novo (e turrão) para desistir de alguma coisa. E você?

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Uma ode à Psicanálise

A Psicanálise é a mais fascinante das ciências humanas. Na minha visão, claro. Estudar o comportamento humano, o indivíduo e todas suas características e peculiaridades deve ser muito prazeroso e intrigante.
Meu interesse por Psicologia começou com uma matéria chamada "Psicologia e Comunicação", na PUC. Os textos introdutórios de Freud sobre ego, ide e superego me despertaram uma curiosidade sobre o tema. Aliado a isso, algumas angústias acumuladas aos 20 anos, me levaram à terapia, de onde saí e voltei algumas vezes. Mas não quero compartilhar e (nem devo) minhas experiências no divã.
Esse é um dos aspectos que também me intrigam na Psicanálise: o mistério. Por ser uma experiência individual, ninguém compartilha o que trata na análise e até hoje algumas pessoas omitem que a fazem. A pessoa que sai do consultório e esbarra com você esperando, se sente um pouco constrangida.
O próprio ato psicanalítico em si é um tanto enigmático. A terapeuta não pode ter nenhuma relação com sua família ou relacionamento amoroso, e você também não pode saber muito da vida dela.
Mas o que mais me intriga na Psicologia é a ignorância que até hoje se tem em relação ao assunto. Ignorância na acepção do termo. O que eu conheço de pessoas as quais recomendo análise, refutando com argumentos do tipo: “não, meus problemas eu resolvo com bebida e com amigos”; “dos meus problemas resolvo eu”.
Não, camarada, seu amigo não estudou oito anos o comportamento humano para saber como tratar destas questões. Nem você. Nem a cachaça.
Como diz Freud, (me corrijam, psicólogos, se eu estiver errado) para se chegar à autoanálise, primeiro você deve passar por esse processo psicanalítico, com outra pessoa, um especialista, claro.
Também, acredito que uma dificuldade que as pessoas têm com a Psicanálise é a falta de retorno imediato e concreto. Ao contrário de um remédio que você toma e para de espirrar, na Psicanálise a resposta não é tão palpável. E demora. Do contrário, se chamaria Psicossíntese.
Assim como a Sociologia, a Filosofia, a Filologia, a Psicologia, como o nome diz, é um estudo. Dos mais importantes. Vou além. A Psicologia é uma ciência importante para a Sociedade em outros aspectos, como a manutenção da paz, por exemplo.
Desconstruindo a abstração de pertencimento a um grupo ou a um território diminuiria-se as lutas por terra ou por etnias. Ou num caso mais próximo, a insegurança dos pitboys seria tratada num consultório, não numa boate. Mas estas distantes e vagas interpretações ficam para a próxima sessão.
Negar a Psicologia é negar - ou para fecharmos com a palavra mais apropriada - ignorar o conhecimento.

sábado, 4 de setembro de 2010

A demodé simplicidade

Finalmente, assisti a ''Apenas o Fim", filme tido como o ''expoente de nossa geração'', pelo menos no que diz respeito a relacionamentos. Gostei bastante, mas como já se passou um bom tempo de seu lançamento, não cabe aqui fazer-lhe uma resenha. O que mais me chamou a atenção no filme (além da Erika Mader, claro) foi a simplicidade, característica e palavra que estão cada vez mais demodé, como amar o próximo. Em épocas de banda emo, com calças coloridas e gel no cabelo, o banquinho e o violão devem estar pra lá de empoeirados.

A minha bandeira pela simplicidade, para ser franco, também tem um aspecto pessoal. Eu não tenho tatuagem e tenho uma certa predileção por camisas lisas, por exemplo. A peça de roupa mais ''unusual'' que eu usei e uso até hoje é minha sandália Birck. Na faculdade, era para tirar uma onda de alternativo. Hoje, é porque eu acho que chinelo suja muito os pés.

Aqui eu poderia discorrer que estamos vivendo na era da imagem, do marketing, do consumo em excesso, mas esse papo me dá muita preguiça.

A simplicidade, ao contrário do que se imagina, vem de muito rebuscamento. Isso, claro, para os que a tem como escolha, não como opção única, como nos atestam Nelson Rodrigues, Machado de Assis e Gilberto Freyre, entre outros. Afinal, foi necessária toda a erudição do poeta para chegar à frase ''eu quero a sorte de um amor tranquilo''.

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