quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Uma ode à Psicanálise

A Psicanálise é a mais fascinante das ciências humanas. Na minha visão, claro. Estudar o comportamento humano, o indivíduo e todas suas características e peculiaridades deve ser muito prazeroso e intrigante.
Meu interesse por Psicologia começou com uma matéria chamada "Psicologia e Comunicação", na PUC. Os textos introdutórios de Freud sobre ego, ide e superego me despertaram uma curiosidade sobre o tema. Aliado a isso, algumas angústias acumuladas aos 20 anos, me levaram à terapia, de onde saí e voltei algumas vezes. Mas não quero compartilhar e (nem devo) minhas experiências no divã.
Esse é um dos aspectos que também me intrigam na Psicanálise: o mistério. Por ser uma experiência individual, ninguém compartilha o que trata na análise e até hoje algumas pessoas omitem que a fazem. A pessoa que sai do consultório e esbarra com você esperando, se sente um pouco constrangida.
O próprio ato psicanalítico em si é um tanto enigmático. A terapeuta não pode ter nenhuma relação com sua família ou relacionamento amoroso, e você também não pode saber muito da vida dela.
Mas o que mais me intriga na Psicologia é a ignorância que até hoje se tem em relação ao assunto. Ignorância na acepção do termo. O que eu conheço de pessoas as quais recomendo análise, refutando com argumentos do tipo: “não, meus problemas eu resolvo com bebida e com amigos”; “dos meus problemas resolvo eu”.
Não, camarada, seu amigo não estudou oito anos o comportamento humano para saber como tratar destas questões. Nem você. Nem a cachaça.
Como diz Freud, (me corrijam, psicólogos, se eu estiver errado) para se chegar à autoanálise, primeiro você deve passar por esse processo psicanalítico, com outra pessoa, um especialista, claro.
Também, acredito que uma dificuldade que as pessoas têm com a Psicanálise é a falta de retorno imediato e concreto. Ao contrário de um remédio que você toma e para de espirrar, na Psicanálise a resposta não é tão palpável. E demora. Do contrário, se chamaria Psicossíntese.
Assim como a Sociologia, a Filosofia, a Filologia, a Psicologia, como o nome diz, é um estudo. Dos mais importantes. Vou além. A Psicologia é uma ciência importante para a Sociedade em outros aspectos, como a manutenção da paz, por exemplo.
Desconstruindo a abstração de pertencimento a um grupo ou a um território diminuiria-se as lutas por terra ou por etnias. Ou num caso mais próximo, a insegurança dos pitboys seria tratada num consultório, não numa boate. Mas estas distantes e vagas interpretações ficam para a próxima sessão.
Negar a Psicologia é negar - ou para fecharmos com a palavra mais apropriada - ignorar o conhecimento.

4 comentários:

Priscilla Bonfá disse...

touché! ficou melhor! ;)

Lucas Vettorazzo disse...

Muito bom!

É engraçado ler esse texto hoje, Júlio. Ontem retomei a análise e na primeira seção já me senti revigorado – foi impressionante! Me peguei indicando psicanálise para várias pessoas.

Eu escrevi algo parecido em 2007, lá no sobrecasaca e um ano depois republiquei no pastamarela.

"Creio que o psicólogo não resolva problemas, mas ele mostra os caminhos, indica as trilhas para encararmos o que nos atordoa", escrevi à época.

http://pastamarela.blogspot.com/2008/10/psicologia.html

O teu blog me deu uma saudadezinha de voltar a escrever.

Abração!!

Talita disse...

como sempre, falamos a mesma língua.
chego a ter raiva de quem tem preconceito com psicologia.. ou melhor, ignorância!!

Júlio Trindade disse...

Pois é, Tablits. Tem gente que até hoje acha que fazer análise é coisa de maluco...

É, Bili, depois de retornar à análise, agora só falta retomar o blog!

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