domingo, 7 de junho de 2009

O real valor das palavras

Esta é uma das raras vezes em que antes de começar o texto, eu já consegui preencher o campo do título. Talvez ele seja melhor do que a prosa que segue. De qualquer forma, é uma estratégia de marketing, de causar impacto para atrair a sua atenção a estas palavras. Pronto. Palavras, ponto-chave do texto. Esta semana, o Barack fez um dos discursos mais bonitos e revolucionários dos últimos anos. Ao começar seu pronunciamento ao mundo islâmico (como os jornais gostam de chamar, como se fosse um mundo à parte), Obama saudou-os com um ''Shalamallek'', tradicional saudação árabe que significa ''paz a todos''. À saudação inicial seguiu-se uma hora de discurso, em que o presidente dos EUA usou trechos do Alcorão, reafirmou a necessidade da criação de um Estado palestino e fez questão de negar qualquer preconceito americano em relação ao Islã, lembrando inclusive de sua origem. Para uns, um discurso histórico, um marco nas políticas internacionais. Para outros, os céticos de plantão (ao classificá-los desta maneira já deixo claro minha posição) são apenas palavras. ''Apenas'' palavras, como se elas não fossem importante. Como se o mundo, a relação humana, não se fizesse através delas. Nelson Rodrigues os taxaria de idiotas da objetividade, aqueles que mensuram as ações exclusivamente através de tratados, de ações, de gestos. Não que eles não sejam importantes, mais até do que as palavras, mas não se pode negar o valor delas. Shalamallek!

3 comentários:

Dan disse...

A Força dos Tomahawks

O título marqueteiro deste comentário é para dimensionar bem a inutilidade dos contorcionismos retóricos do Obama. o "Shallamalleik" não liberta povos, não leva civilização, não salva vidas. Os tomahawks e cruzados têm alguma chance de colocar numa jaula os carrascos que apedrejam mulheres e gays no Irã, e que riem da cara do Obama, sentados no din-din.

Anônimo disse...

Dan, no Líbano o partido do Hezbollah não foi eleito semana passada. Essa sexta é a vez do Irã, e o Amadinejahd já está sofrendo com a oposição. Vamos ver o quão influente são as palavras do Negão. Tomara que sem a necessidade de tomahawks. Disso, a gente tá farto e sem resultados ráticos. O Iraque e o Afeganistão que o digam.

Júlio

Christiano Nunes disse...

Os realistas enxergam uma mudança substancial, do caipira americano George Bush para o pragmático (será mesmo?) Barack Obama. Enfim, depois que o caipira lá armou duas guerras contra os muçulmanos (Afeganistão e Iraque, as duas ainda sem fim) é fácil perceber que a política externa americana deveria tomar outro rumo, porque um presidente esperto como o Barack Obama é quer mesmo é evitar uma rivalidade entre os muçulmanos e norte-americanos. A minha opinião é que a América tá mais preocupada em não ter inimigos no Oriente Médio, como acontecia antes das guerras de Iraque e Afeganistão. Isso porque pros yankees é melhor que as rivalidades entre os árabes se estoure por si só e aí os americanos podem vender armas pros dois lados, vide Guerra Irã-Iraque. Por isso tudo o Barack tenta reaproximar os laços hoje distantes entre o "mundo islâmico" e os norte-americanos.

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