domingo, 18 de janeiro de 2009

Pelé e Machado


Os saudosistas do futebol dizem que nunca haverá outro Pelé, ou outro jogador melhor do que ele. Eu nunca entendi essa pessimista previsão. Afinal, por que não pode surgir um moleque, numa favela qualquer ou ainda num campo de várzea da Itália, ou da Argentina, ou do Quênia, com o dom e a habilidade de jogar futebol tão magistralmente ou até melhor do que o Rei do futebol? Dizem, eles os ''sábios'' comentaristas que os tempos são outros, o futebol é mais viril e outros argumentos do gênero. Mas o comentário sempre começa da mesma forma: ''os tempos são outros...'' Por que não, pergunto eu, para melhor? Com mais preparo físico, com uma medicina mais avançada, além do que futebol, desde que se chama assim, são 11 contra 11. Mas, enfim, o exemplo do Pelé foi dado para chegar ao ponto central do pensamento que quero compartilhar. Enquanto no futebol, o fator preponderante para alcançar o sucesso ou a excelência é o dom (claro que fatores como o esforço, as oportunidades e até sorte contam), no caso da Literatura, por outro lado, o fator determinante para tornar-se um célebre é o esforço individual. Em linhas gerais, a leitura faz com que isso aconteça. Para mim, além da sensibilidade (que também é crucial) o grande escritor é o cara que lê obstinadamente. Aí que mora o meu receio. Atualmente, o leque de concorrência (palavra bem atual) para a leitura é vasto. Televisão, orkut, msn, celular faz com que leia-se cada vez menos. Tudo bem, o Machado, por exemplo, devia lá jogar o seu pião, soltar pipa, sei lá. Mas, com certeza, dedicava mais tempo à leitura, justamente (segundo, claro, a minha modesta teoria de botequim) por falta dos entretenimentos modernos. Aí que está, acho difícil que alguém um dia venha a escrever como Machado. Ou Nelson, ou Graciliano... Infelizmente. Eu, por exemplo, adoro ler. Dedico boa parte do meu tempo a esta atividade. Por prazer mesmo. Mas, pô, eu também curto (e não nego) orkut e msn. E ainda tem o Arena Sportv... Eu acho bem possível que surja outro Pelé (se Deus quiser no Botafogo) mas outro Machado, eu acho difícil. Tudo bem que o Cuenca é legalzinho...

Um comentário:

Anônimo disse...

sr. julio, não existe 2 do mesmo, porque o mesmo nunca se duplica. quer dizer, pelé no seu tempo. maradona no dele, kaká no seu, messi no dele. o futebol muda. tudo muda. na literatura, na poesia, as coisas tb mudam. a velocidade é outra. é outra a dicção. machado no tempo dele. cuenca, fausto, arnaldo agora. difícil comparar estilos, se o tempo não para. mas o kindle vem aí. o livro virtual. vamos a ver. saravazinho, chacal

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