
Hoje, ao ir para o trabalho, vi um senhor de barba, entre 44 e 50 anos, fumando. O texto a seguir, no entanto, não é sobre ele especialmente. Muito menos sobre o tabagismo. Este senhor me fez pensar no fato de que a chance de eu vê-lo novamente é de 1%. A chance de eu vê-lo novamente e ainda por cima lembrar dele é de 0,3%*. Todos estes dados servem para ilustrar o fato de que a imensa maioria das pessoas que vemos nas ruas diariamente não veremos em outra oportunidade. Principalmente nas grandes metrópoles. E a recíproca é verdadeira. Então, não sei porquê, mas neste dia eu queria que as pessoas me olhassem. Deu vontade de falar: “ei, você nunca mais vai me ver, então como pode você passar por mim, conversando com alguém? Olhando para baixo e cantando? Me dê os únicos cinco segundos de atenção que você vai precisar me dar na vida.” Prezando a minha (até agora) comprovada sanidade mental, não o fiz.
As pessoas que vemos nas ruas tornam-se tão vagas e passageiras quanto o seu próprio andar. São transeuntes; números. Mas não. Aquele senhor que sentou ao seu lado no ônibus tem uma filha que mora em Manaus, da qual morre de saudade. A tiazinha que passou quase trombando em você na Av. Nossa Senhora e te deixou puto, vai à missa aos domingos e não come carne vermelha. Aquele senhor de barba lá da primeira linha do texto se separou da mulher com quem era casado há 22 anos anteontem. Claro que estas todas são suposições, mas é legal fazê-las às vezes. Ao menos assim, as pessoas voltam a ser, ainda que num exercício de imaginação, pessoas.
* Dados do Inverno de Julho
As pessoas que vemos nas ruas tornam-se tão vagas e passageiras quanto o seu próprio andar. São transeuntes; números. Mas não. Aquele senhor que sentou ao seu lado no ônibus tem uma filha que mora em Manaus, da qual morre de saudade. A tiazinha que passou quase trombando em você na Av. Nossa Senhora e te deixou puto, vai à missa aos domingos e não come carne vermelha. Aquele senhor de barba lá da primeira linha do texto se separou da mulher com quem era casado há 22 anos anteontem. Claro que estas todas são suposições, mas é legal fazê-las às vezes. Ao menos assim, as pessoas voltam a ser, ainda que num exercício de imaginação, pessoas.
* Dados do Inverno de Julho