segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Después de la siesta


Já são dois meses de Espanha. E o país, minha porta de entrada na europa me encanta, para usar a expressão que ''mais me encanta'' em Espanhol. Mas, de fato, as estatísticas que lemos nos jornais ganham vida quando as vemos de perto. A primeira delas é o tão falado desemprego espanhol, de cerca de 20%. Para sentir esse dado, basta ir a um restaurante em qualquer cidade da Espanha. Há geralmente duas pessoas para te atender. É um verdadeiro exercício de paciência, de deixar até mesmo os cariocas com saudade dos garçons no Rio. Os paulistas, então, devem se descabelar. O mesmo se repete nas lojas. Em conseqüência disso, a idade média hoje para um espanhol sair das casa dos pais é de... 38 anos. En sério.

Mas convenhamos, e que eles não nos ouçam, é um povo que não é lá muito chegado a trabalhar, fato confirmado pelos próprios espanhóis menos orgulhosos. Não dá para acreditar que, em pleno século XXI, um país inteiro se dê ao luxo de dormir duas horas depois do almoço. Nada funciona. Nem bancos, lojas, serviços. Domingo, dia que há mais turistas nas ruas, não há sombra de trabalhadores. Ou melhor, uma coisa funciona: os chineses, o que dá força às teorias conspiratórias de dominação do mundo às escondidas. Esse é outro fato curioso e que impressiona os marinheiros de primeira viagem. Como, creio, em nenhum outro país europeu, a Espanha está cheia de chineses. Restaurantes, lojas, universidades... Seriam dois os motivos principais. O primeiro é que se aproveitando da crise do país, os chineses vieram, e compraram lojas, restaurantes e mercados em geral. A outra é que a Espanha é o país europeu que mais benefícios dá aos imigrantes. Não pagam impostos no primeiro ano, e com isso, a cada ano os chineses mudam o nome do proprietário e continuam sem pagá-los.

O que, conhecendo um pouco a Espanha em geral, dá para acreditar que não deve ser muito difícil de fazer. Os espanhóis, e talvez possamos expandir para os latinos em geral, têm um jeitinho para tudo. O próprio idioma denuncia: há a expressão ‘’La picaresca española’’, que define o fato de sempre arrumarem uma maneira de conseguir as coisas, por meios não muito convencionais. O que aos brasileiros não nos é difícil entender.

Mas os espanhóis também têm suas várias virtudes. Além da Saúde, que graças a Deus ainda não precisei experimentar mas até os alemães elogiam, um serviço que talvez não haja igual em outro lugar do mundo é o Turismo. Em qualquer cidade, há sempre balcões de informação, placas, free tour, city bus. Parece que para entrar na Comunidade Europeia em 1986, a Espanha fez um acordo em que abdicaria das indústrias e seria o país turístico da europa. Alguns espanhóis também culpam esse acordo pela crise atual, pois não produzem mais quase nada. Se é verdade eu não sei, mas quanto ao Turismo, definitivamente, funcionou muitíssimo bem. E é um povo que me parece também gostar de ser cosmopolita, ao contrário dos parisienses, por exemplo. Ou, além de gosto, talvez seja um questão de necessidade mesmo.


Dita as questões sócio-políticas, os espanhóis são muito parecido com nosotros. Alegres, gostam de beber e são absolutamente loucos por futebol. Definitivamente, não são tão eficientes como os americanos, alemães e chinenes para construir um país, mas, honestamente, pelo menos para um estudante/turista como eu, funciona (não no sentido literal) muito melhor. Pra quem já é chegado a uma siesta então...

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